"A 
  expressão violência contra a mulher designa qualquer ato de 
  violência dirigido contra a mulher que provoca ou é passível de provocar 
  danos físicos, sexuais, psicológicos ou sofrimento, incluindo ameaças 
  desses atos, coerção ou privação arbitrária da liberdade, tanto na vida 
  pública como na vida privada."
  Ora, em 
  pleno século 21, a violência contra a mulher continua 
  institucionalizada, em suas diversas formas, pois, apesar dos inúmeros 
  avanços conquistados pelo movimento de mulheres, ainda vivemos em uma 
  sociedade que ensina que os homens “podem” mais que as mulheres, o que 
  dá origem a uma série interminável de abusos característicos de um 
  sistema de dominação patriarcal violento.
  Este tipo de pensamento 
  está tão arraigado na sociedade, pulverizado entre raças e classes 
  sociais, nos meios públicos e privados, que as dificuldades para 
  modificar este “status quo” é muito difícil, pois, não se trata apenas 
  de criar mecanismos políticos e jurídicos que possam conter a violência, 
  mas mudar práticas arraigadas dentro das famílias.
   A lei Maria da Penha é 
  claramente um divisor de águas na luta contra a violência, um marco que 
  diferenciou os crimes contra a mulher dos crimes de violência em geral, 
  além de apontar medidas de proteção e amparo para as vítimas. 
  
  Embora a quantidade de 
  denúncias ainda esteja bem longe da realidade, aos poucos, a lei vai se 
  aperfeiçoando e incentivando mulheres corajosas a utilizar este 
  instrumento para se libertar da situação de violência em que se 
  encontram.
  É um caminho lento e as 
  mulheres que já conquistaram consciência política social não podem 
  desanimar. É necessário que a luta em defesa e para a implementação 
  completa da Lei continue, para que esta deixe de ser um enunciado de 
  “boas intenções” e passe a ser efetivamente um mecanismo capaz de 
  amparar e proteger as mulheres violentadas, criando uma chance efetiva 
  de sairmos deste estado patriarcal para um estado de igualdade entre os 
  gêneros.
Maria Aparecida Feliciani