quinta-feira, 15 de junho de 2006

Desarmar porque...

"O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no país?" é a pergunta à qual os eleitores terão que responder, no Referendo do dia 23 de outubro de 2005. O voto no plebiscito é obrigatório.

A campanha no rádio e na TV que orienta a população para o Referendo começou colocando, de um lado, famosos como as atrizes Maitê Proença e Fernanda Montenegro - que defende o "sim à vida", a favor da proibição - e, de outro, críticos pautados na incapacidade do governo de diminuir a violência e ressaltando o direito à legítima defesa. O fato é que o plebiscito será uma ocasião histórica para o exercício da soberania popular através do voto.

Os brasileiros sabem que as armas de fogo estão matando cada vez mais. A cada 15 minutos, no Brasil, uma pessoa é morta por arma de fogo. Suas principais vítimas são os jovens. Isto é fato.

Pesquisa feita pelo Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo aponta que 265.975 pessoas foram mortas por disparos durante a década de 90. Mais de 90% das vítimas de tiros são homens entre 15 e 29 anos, indicando um aumento, no período estudado, de 52%. Em 2003, segundo o Ministério da Saúde do Brasil, 70,8% das mortes por causas externas registradas foram provocadas por ferimentos com arma de fogo. Os gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) com internações de vítimas de armas de fogo somam milhões. Um volume de recursos financeiros e dedicação dos trabalhadores do SUS que certamente poderiam estar sendo destinados a promover a vida e saúde.

Desarmar porque... hoje em dia, as armas pequenas e as leves são as mais usadas na destruição em massa. Milhares de pessoas morrem por causa de armas pequenas usadas em conflitos, crimes e outras formas de violência, além de suicídios e acidentes.

Desarmar porque... o uso de armas de fogo está fora de controle. Estima-se que milhões de armas pequenas estejam em circulação, incluindo revólveres, rifles automáticos, granadas, submetralhadoras e pistolas. Armas pequenas são fáceis de adquirir, seja de forma legal ou ilegal, são fáceis de esconder, de usar e difíceis de controlar. As conseqüências podem ser vistas todos os dias nos jornais e telejornais. Homens, mulheres e crianças ficam na linha de fogo em favelas, ruas e escolas. Adolescentes e jovens são os que correm o maior risco e os homens estão mais vulneráveis que as mulheres.

Desarmar porque... a presença constante das armas mudou a natureza da violência. Tensões inevitáveis entre marginais e polícia se transformaram em guerrilhas e conflitos banais (tais como brigas de trânsito ou discussões conjugais) culminaram em tragédias irreversíveis. As ruas são palcos de batalhas para gangues urbanas.

Desarmar porque... reduzir e controlar a quantidade de armas é o recurso mais eficiente para diminuir os números de mortos e feridos da violência armada. A arma de fogo não é a causa, mas um dos principais instrumentos para a prática da violência em conflitos e no crime.

Desarmar porque... arma de fogo é muito mais um perigo do que uma proteção, aumentando o risco de mortos e feridos e criando uma falsa sensação de segurança. Comparado ao uso para auto-defesa, uma arma guardada em casa aumenta as chances: em quatro vezes de atingir uma pessoa acidentalmente; em sete vezes de ser usada em assaltos ou homicídios; e em 11 vezes de ser usada em tentativas de suicídios Até mesmo os policiais, que são treinados para manusearem armas, estão sob o risco de terem suas armas usadas contra eles próprios. Além disso, o uso da arma de fogo para resistir a um assalto na verdade aumenta as chances da vítima ser baleada ou morrer.

Desarmar porque... nenhuma guerra, declarada ou não, será resolvida ou evitada caso não haja um esforço conjunto para controlar e limitar a proliferação das armas.

Faça uma avaliação criteriosa de seu posicionamento sobre o assunto e vote conforme sua consciência lhe indicar.

A Diretoria

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