quinta-feira, 29 de outubro de 2015

População desconhece sintomas do derrame

Fonte: RBA 
A população brasileira desconhece os principais sintomas do Acidente Vascular Cerebral (AVC), mais conhecido como derrame. A constatação, de uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, é preocupante. Quanto mais cedo uma crise aguda da doença for identificada pelo próprio doente e pessoas próximas, mais rápido será o diagnóstico e início do tratamento.

Nos últimos dois anos, foram entrevistadas 623 pessoas, o que permite observar uma tendência de comportamento a partir de uma amostra de conveniência. O grupo foi questionado sobre pontos como, a capacidade de definição da doença, de identificação de seus sintomas e da compreensão sobre as medidas de prevenção. Desses, 27% afirmaram não saber o que era o AVC ou derrame.

Chama atenção na pesquisa que de cada dez entrevistados quase três não sabem identificar qualquer um dos sintomas e sinais relacionados ao AVC em sua fase aguda. Dos que citaram algum, 40% mencionaram formigamento no rosto, braços ou pernas; 31% apontaram a dor de cabeça súbita de causa desconhecida; 23% a tontura, dificuldades de locomoção e falta de equilíbrio e coordenação; 22% elencaram a fraqueza nos membros inferiores e superiores; e 22% afirmaram que o doente apresenta confusão mental e dificuldade de falar ou entender.

O ideal é que o paciente avise a pessoa mais próxima, que deve chamar imediatamente o Samu e seguir para hospital ou unidade de pronto-atendimento habilitada para receber pacientes com AVC. De acordo com o presidente da Academia Brasileira de Neurologia, Rubens Gagliardi, as chances de recuperação são maiores se o doente for medicado em até 4 horas e meia. "Se o atendimento for feito nos primeiros 30 minutos, na fase super aguda, as chances serão ainda maiores. Depois desse tempo, o médico ainda tem alguns instrumentos, porém, de menor eficácia."

Quanto maior a demora, maior a probabilidade de sequelas, que conforme o comprometimento, pode incapacitar para o trabalho ou outras atividades. As conclusões com base em dados coletados em 2013 e 2014 também sugerem a dificuldade dos entrevistados em agir diante do problema. Para 32% deles, a reação diante de um AVC seria uma incógnita, pois não saberiam o que fazer caso alguém próximo tenha um.

O dado é grave porque as pessoas têm a tendência a esperar que a dor passe, mas no caso do AVC quanto maior a demora, maior a região do cérebro a ser atingida. Apesar de terem poucas informações sobre os sintomas e a prevenção do AVC, a maioria dos entrevistados (78%) conhece alguém que sofreu derrame e 50% convivem com essas pessoas – mesmo convivendo com quem sofre as consequências do AVC, as pessoas sabem pouco sobre a doença.

Sintomas

Os principais sintomas de um AVC são a paralisia súbita de um lado do corpo, perda de sensibilidade, tontura e dificuldade de visão, fala e compreensão. Se acometido por um ou vários deles, o paciente deve ser submetido a um teste simples: sorrir, levantar os dois braços ao mesmo tempo e falar uma frase simples.
Se metade da boca permanecer imóvel, um dos braços cair e a frase for inaudível, as chances são grandes de que esta pessoa esteja sofrendo um AVC e deve ser encaminhada imediatamente para um hospital.

Fatores de risco

O principal fator de risco para a doença é a pressão, seguida pela arritmia cardíaca, diabetes, tabagismo, colesterol alto e obesidade – todos podem ser tratados e controlados. A idade, a raça e a herança genética também contribuem. Pessoas maiores de 55 anos e negras são mais propensas, por exemplo, a ter um AVC.

Dois tipos, os mesmos sintomas

Há dois tipos de AVC, com tratamentos específicos. O mais comum (85% dos casos) é o isquêmico (quando há entupimento da artéria por um coágulo). O outro é o hemorrágico, presente na ruptura de um vaso sanguíneo. Em ambos, a parte do cérebro afetada não recebe o oxigênio necessário e neurônios começam a morrer. Os sintomas também são os mesmos.

No hospital, o paciente deve ser submetido a exames clínicos e de imagem que mostrará a localização, a extensão e o tipo do AVC. O o isquêmico requer a dissolução do coágulo com medicamentos. No hemorrágico, não.

Sequelas

Na maioria dos casos, há sequelas. As principais são a diminuição de força na metade do corpo − que ocorre em 85% dos casos −, dificuldade para falar e depressão. Também pode ocorrer incontinência urinária e comprometimento da sensibilidade de extremidades do corpo. Há casos mais leves, nos quais os sintomas são quase imperceptíveis, o que leva o paciente a não procurar atendimento médico – o que é um erro, segundo a ABNeuro. O paciente pode sofrer outro AVC mais forte.

Perfil epidemiológico

Considerada doença de idosos, o AVC tem atingido cada vez mais os jovens. Dados do Ministério da Saúde mostram que 62 mil pessoas abaixo dos 45 anos morreram no Brasil – entre os anos 2000 e 2010 – devido ao AVC. Em 2012, quatro mil pessoas entre 15 e 34 anos foram internadas por causa do problema.

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