Enquanto ainda se discute a regulamentação do trabalho doméstico, a mudança estrutural na oferta dessas profissionais e o custo maior para mantê-las se refletiram no tempo gasto com o serviço doméstico. As mulheres que vinham diminuindo o tempo dedicado aos afazeres domésticos até 2008 começaram a gastar mais tempo nesse serviço. As horas trabalhadas semanais pela mulher em casa vinham caindo, muito vagarosamente, de 2003 a 2008. Nesse ano, que marcou o auge da crise econômica global, o movimento se inverte.
Pela pesquisa apresentada no 35º Congresso Internacional sobre Uso do Tempo, as mulheres, que usavam 23 horas na semana no trabalho doméstico em 2008, passaram a reservar 26 horas ao serviço em 2011. O mesmo aconteceu com os homens, guardadas as devidas desigualdades. Eles dedicavam nove horas a essa atividade, passando a gastar dez horas em 2011.
Em dez anos, um PIB
Com essa valorização (de 2003 a 2011, a alta no salário do trabalhador doméstico foi de 42,4% contra 22,2% na média em seis regiões metropolitanas), a pesquisa constatou que a participação desse serviço não remunerado no Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) subiu de 11% em 2001 para 13% em 2011. Mas esse trabalho não entra no cálculo do PIB, por ser não remunerado. — Se o trabalho de casa fosse pago, em dez anos, teria gerado um PIB brasileiro (R$ 4,1 trilhões em valores de 2011) — afirmou Hildete.
Segundo Tatau Godinho, secretaria de Políticas do Trabalho e Autonomia Econômica das Mulheres da Presidência da República, o governo está investindo em creches e escolas em tempo integral: — Queremos liberar a mulher para o trabalho remunerado. Fazer valer esse direito — disse.
Fonte: CNTC/O Globo
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